Como se recordarão, o escândalo rebentou no início do ano. A Europol, organismo de luta contra a criminalidade, revelou a existência de uma rede de corrupção originária da Ásia e que atinge a Europa.

Esta rede criminosa é acusada de ter falsificado os resultados de 380 jogos de futebol, incluindo jogos das qualificações para a Liga dos Campeões, Liga e até mesmo para o Campeonato do Mundo. O jogo Bolívia-Argentina é particularmente alvo de suspeita, por o árbitro ter concedido aos argentinos um penálti duvidoso.

De acordo com o processo, 425 árbitros, jogadores e dirigentes de clubes participaram na adulteração de jogos. Os principais países em questão são Alemanha, Suíça e Turquia. Só na Bundesliga, o lucro de apostas desportivas em resultados combinados foi de oito milhões de euros, segundo a Europol. Após estas revelações, a Comissão Europeia e a UE Athletes lançaram uma campanha de prevenção.

Esta campanha visa alertar e sensibilizar atletas, árbitros, oficiais, mas também federações e governos, para os riscos inerentes a esta situação. Para isso, a UE Athletes tomou medidas originais: serão enviados para muitos clubes europeus toalhas, shampoo ou gel de banho com mensagens de prevenção contra as diferentes formas de corrupção no desporto. O objectivo é levar as boas práticas para a vida dos atletas.

As mensagens:

“Eu não aposto no meu desporto”
“Eu não adultero competições»
“Eu denuncio abordagens suspeitas”

Um projecto a nível europeu e não só

A Comissão Europeia e a UE Athletes não estão a agir sozinhas nesta luta contra a corrupção. O projeto “Luta contra a viciação de resultados” reuniu um milhão de euros de apoios e conta com diversos parceiros.

Na verdade, as principais organizações do sector dos jogos online apoiam este projecto: European Gaming and Betting Association, a Remote Gambling Association e a European Sports Security Association. As acções serão igualmente levadas a cabo pelos vários órgãos do desporto, como a IRB, para o râguebi, a FIFPro para o futebol, os sindicatos dos jogadores…

O objectivo é tornar a campanha o mais ampla possível. Isso mesmo foi declarado pelo director do IRIS, Pascal Boniface: “Dada a heterogeneidade das práticas contra a fraude desportiva, mas também as diferenças significativas na abordagem ao regulamento de apostas desportivas dentro da UE, é essencial informar e educar as autoridades públicas e organizações desportivas sobre as questões e as formas de desenvolver medidas para preservar a integridade do desporto.”

Além destas acções, a Comissão Europeia e a UE Athletes vão promover outros eventos. O projecto tem duração prevista até Junho de 2014, quando o Conselho da Europa deve propor uma convenção internacional contra a fraude desportiva. Em paralelo, a FIFPro vai introduzir uma linha de alerta anónima para lutar contra os problemas de dependência.